domingo, 14 de outubro de 2012

ÁCAROS DE TRAQUÉIA


.Bernardino 
Consultor Técnico COBRAP - www.cobrap.org.br 
Membro do Grupo - Sítio dos Carduelis - carduelis@grupos.com.br 
Colaboração : Dr. Daniel Mendoza - Med. Veterinário - Argentina 

Os Acáros de Traquéia(S.Tracheacolum) são pequenos parasitas, especialmente das vias respiratórias superiores, que podem ser vistos até mesmo à olho nu ou com auxílio de uma lupa. Irritam a mucosa das àreas que atacam tais como: traquéia, pulmões, sacos aéreos, chegando mesmo à atingir os ossos pneumáticos...
Eles ao atacarem essas àreas nas quais se instalam, produzem lesões pois, alimentam-se de sangue(HEMATÓFAGOS), causando patologias por si só e abrindo caminho para infecções por bactérias, vírus, fungos e mycoplasmas oportunistas. Quando da incidência desse problema deve-se melhorar o sistema de ventilação pois, com uma melhor ventilação, melhoramos a aeração e circulação de ar eliminando partículas em suspensão no ar do criadouro. Os ácaros em um criadouro podem ser trazidos por aves novas introduzidas¹ e que não tenham sido submetidas à quarentena em ambiente separado do criadouro ou por correntes de ar mal distribuídas ou podem existir naturalmente no ambiente, onde alimentam-se de detritos e de maneira oportunista, podem infectar as aves. Um excesso de população também pode levar à problemas de má qualidade do ar pois, aumenta a quantidade de partículas em suspensão no ar do criadouro. Uma forma de tratamento é o uso da Ivermectina(Ivomec® ) e outro método é o uso de inseticida aerosol à base de piretrinas, tipo SPB® . O inseticida deve ser desse tipo pois, é menos tóxico. O método é simples, coloca-se a(s) ave(s) em uma gaiola, cobre-se a gaiola e aplica-se um ou dois jatos do inseticida dentro da gaiola para que a(s) ave(s) inalem o produto durante uns cinco minutos. Esse método mostra-se eficiente, especialmente como tratamento de emergência em aves já parasitadas por ácaros. 

Os principais sintomas são : 

Dificuldade respiratória. 

Tosse e a ave emite sons como gemidos, dando a impressão que está engasgada. 

A ave perde a voz. 

A ave abre muito o bico e limpa-o constantemente no puleiro. 

Em casos de infestação extrema pode ocorrer a morte da ave por asfixia mecânica. 

As formas de se evitar esse tipo de "inimigo" da saúde nossas aves são: 

Um bom manejo higiênico do criadouro. 

Quarentena de novas aves. 

Aplicação de produto preventivo como por exemplo, a Ivermectina, que combate não só o ácaro de traquéia mas, também outros endo e ectoparasitas. 

Boa ventilação e renovação do ar mas, sem correntes de ar passando diretamente pelas gaiolas pois, essas correntes podem carrear àcaros e outros agentes infectantes. 

Isolamento de aves infestadas do ambiente do criadouro aliás, para qualquer patologia deve-se retirar o indivíduo do criadouro. 

Eliminação das aves mortas, de preferência incinerando-as. 

É posível que a água de bebida seja uma fonte de infestação portanto, temos que ter cuidado com a higiene dos bebedouros. 

Minha experiência com Acáros de Traquéia: 

Vou descrever a experiência mais recente acontecida no Criadouro de Canários de um amigo. Algumas aves começaram à tossir e agirem como se estivessem engasgadas. Passados alguns dias 06 aves morreram. Ele ligou relatando-me o fato e como não podia, naquele momento, ir até o seu criadouro, o aconselhei á levar 02 aves que apresentavam os mesmos sintomas à um veterinário, nosso conhecido, que tem especialidade em aves. O diagnóstico² foi, acáros de traquéia. O tratamento recomendado foi o uso do SBP®, como descrito acima. Agora estamos fazendo também uma nova aplicação da Ivermectina³, fazendo a aplicação, repousando 15 dias e repetindo a aplicação. Os grandes vilões nesse caso foram encontrados: 

1 - Excesso de aves no criatório. 

2 - Má ventilação. 

Esse problemas são facilmente resolvidos com a diminuição da população de aves no criadouro (ou aumnto do criadouro em si para comportar a população requerida) e com uma melhoria da circulação do ar. 

Conclusão 

Devemos ter cuidado com o manejo e sanidade de nossos plantéis e criadouros pois, descuidos e falta de atenção para detalhes como: a correta ventilação, higiene, quarentena ,etc; podem ser o diferencial entre o fracasso e o sucesso na criação. Devemos sempre procurar orientação profissional pois, teremos maior precisão no diagnóstico e no tratamento, conseguindo assim, melhores resultados e eliminando os agentes causadores das anormalidades e patologias. 

Notas : 

1 - Além dos passeriformes também afetam outras espécies como pinzones, agapornis e outros psitacídeos. Não é recomendável ter várias espécies em um mesmo ambiente se pretendemos realizar uma quarentena rigorosa. 

2 - Seria interessante também realizar um diagnóstico diferencial para o Syngamus trachea(verme vermelho de traquéia), para ter-se precisão no tratamento. Se bem que o tipo de tratamento é o mesmo para ambos os parasitas, apesar da menor gravidade com relação ao S.trachea por tratar-se de um nematóide. 

3 - Com relação à dosagem específica da Ivermectina, existem estudos que dizem que não devemos ultrapassar 0.1ml/kg. Existem relatos de que o uso em dosagens incorretas pode causar cegueira em bois, cães, e tem sido observada em aves pequenas. Mas, o que temos observado na prática em anos de criação de canários é que não houve um único caso desses em vários plantéis.

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